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FUNCIONALISMO/GRAMATICALIZAÇÃO

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Há numerosas abordagens funcionalistas, umas direcionadas ao estudo de um modelo abstrato da língua, outras direcionadas ao estudo da língua tal como ela se manifesta em seu uso efetivo; algumas procuram estudar as modificações que a língua apresenta, outras buscam a causa dessas modificações. Entretanto, há um denominador comum nos estudos existentes, uma vez que todos estão voltados para a competência comunicativa dos falantes.

 

Baseando-se na comunicação dos falantes, a gramática funcional procura investigar a relação existente entre a gramática de uma dada língua e a sua instrumentalidade de uso, considerando a capacidade que os falantes possuem, não só de codificar e decodificar as expressões linguísticas, mas de usá-las e interpretá-las de uma maneira interacionalmente satisfatória.

 

A gramática funcional procura investigar como as expressões linguísticas são usadas e como se codificam gramaticalmente. A cristalização das formas discursivas mais produtivas  faz-se através do processo de gramaticalização.

 

Definida, primeiramente, por Meillet, em 1912, como “a atribuição de um caráter gramatical a uma palavra outrora autônoma” e por Hopper e Traugott (1993), dentre outros, como “o estudo de formas gramaticais vistas como entidades em processo e não como objetos estáticos”, a gramaticalização é apresentada, em um grande número de trabalhos, como um processo de mudança linguística, segundo o qual itens lexicais passam a assumir funções gramaticais, ou elementos gramaticais passam a exercer funções ainda mais gramaticais.

 

Hoje o processo de gramaticalização é estudado de forma mais abrangente. Diversos autores:Traugott, Heine (1991), Heine (1993), Bybee (2003) demonstram que um item particular não sofre gramaticalização, mas toda a construção com itens lexicais particulares se torna gramaticalizada.

 

Conforme afirma Rios (2012), a concepção de uso linguístico vem passando por uma revisão, de modo a incorporar um leque maior de práticas interacionais. As concepções de discurso e gramática também têm sido redimensionadas e à pesquisa de mudança por gramaticalização, foram aliados os estudos de continuidade linguística, por entender-se que novos usos se dão em concorrência com muitos outros fatores, isto é, em relação ao contexto em que ocorrem.

 

Uma das mais fortes tendências do Funcionalismo é a incorporação da perspectiva construcional na linha de Croft (2001), Golberg (1995; 2006), Miranda e Salomão (2009), a compreensão de que trajetórias de sentido e de padrões funcionais emergem de determinados modos de organização sintática.

 

Assim, em lugar de analisar apenas a trajetória de itens lexicais isolados, a gramaticalização de construções procura identificar padrões convencionais mais ou menos gramaticalizados, analisando contextos e motivações específicas para determinados usos. Postula-se, pois, que o uso de novas combinações de palavras e a sua repetição em determinados contextos sociais e linguísticos contribuem efetivamente para a constituição da gramática de uma língua.

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